Jardim de Crisântemos: crônicas
Rômulo de Oliveira Silva
Rômulo de Oliveira Silva
Este livro é sobre vidas tragadas pelo tempo e carinhosamente guardadas. Eu as vivi. São baforadas lançadas no ar e congeladas em algum lugar especial da minha alma. Livres da mente confusa decidiram não me deixar e ficaram suspensas, como nuvens. É um livro sobre memórias que decidi escrever como registro para mim mesmo e talvez para outras gerações. Pode ser um ato preventivo cheio de esperança: se algum dia a minha memória falhar e me impedir de alcançar o refúgio das minhas lembranças que eu possa pelo menos ouvi-las através de alguém. Então, é um livro escrito também para que alguém me conte como se conta um conto de fadas. Um dia, do nada, surgiu uma vontade que me consumiu
por um bom tempo, era o danado do besouro da escrita que havia me provocado na juventude e que
eu ardilosamente afugentei. Pensei que estivesse livre. Que nada! Pacientemente esperou pela fraqueza dos cabelos brancos para finalmente me dobrar. Não consegui resistir, fui convencido. Torço que a partir de agora,
ele possa me deixar em paz.